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A mostrar mensagens de 2017

Entrar de costas para o mundo e sair de frente: «Laços – Mais do que Viajar»

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Laços – mais do que viajar: uma retrospectiva de Nuno Lobito No Museu do Oriente de 21 de Julho a 22 de Outubro Encontra-se no Museu do Oriente uma exposição retrospectiva do fotógrafo viajante Nuno Lobito. Este é um dos dois portugueses que mais países visitou – 204 –, e considera-se o único a fazê-lo como viajante e não como turista. Começou esta missão pessoal em 1988 e terminou na data simbólica de 11/11/2011. Viu o mundo, e o mundo viu-o; cresceu enquanto pessoa; e fotografou esta epopeia: cada lugar onde passou, cada momento e experiência, cada amigo que conheceu. De uma vasta colecção de fotografias e memórias, esta exposição seleccionou 83 fotografias de cerca de 50 países diferentes. Embora o museu não explicite a informação, a selecção foca-se essencialmente em fotografias captadas na Ásia, América Latina e África; há também um pequeno número de fotografias representantes da Oceania, América do Norte, e da Europa apenas uma, de Portugal. A colecção exposta

O Fotógrafo Acidental e a afortunada experiência de uma acidental observadora

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O Fotógrafo Acidental - Serialismo e Experimentação em Portugal, 1968-1980 Culturgest É por acidente do destino que entramos nesta galeria expositiva de fotografia. E foi também pelo acidente que surgiram as obras que se encontram nela. Foram vários os artistas portugueses que se dedicaram a explorar a fotografia, ainda nos seus inícios, de uma forma artística. Alguns deles foram ângelo de Sousa, Alberto Carneiro, Helena Almeida, Vítor Pomar, Fernando Calhau, Leonel Moura e Julião Sarmento; são obras destes fotógrafos que se encontram a habitar a Culturgest até 3 de Setembro. Não é um acidente a junção das obras na galeria. Como diz o catálogo, estas têm em comum, especialmente, o facto de serem séries de fotografia entre 1968 e 1980. Cada série se vai afirmando com as suas especificidades e variâncias, mas, curiosamente, podem estabelecer-se paralelos entre todas, alguns bastante arrebatadores. Na primeira sala observamos a visão de um observador. Ângelo de Sousa caracte

Flipped: Um filme que nos troca as expectativas e dá um todo maior que as partes

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Uma das catch-phrases de Flipped é a cliché expressão “O todo é mais do que a soma das partes”. Esta é uma questão que é proposta a uma dos dois protagonistas, perto de meio do filme. E é segundo esse desafio que se pode perguntar de que lado está a classificação deste filme? E a resposta é: o todo é, de facto, mais do que a soma das partes. Genuinamente, pode dizer-se que, tal como esta frase, há vários clichés que polvilham este todo, o que torna a narrativa previsível; rapidamente se percebe que haverão muitas trocas (flips): de ideias, de atitudes; de uma relação de amizade cheia de desencontros. Não é a mais original das linhas de narrativa, aparentemente; excepto por uma razão. Uma das outras “partes” deste todo é a forma como a narrativa é desenvolvida. Havendo dois protagonistas, é apresentado, para cada conjunto de cenas, o ponto de vista de cada um deles. Até o ecrã voltar atrás para repetir uma parte da história, no entanto, a audiência pode esquecer que isso ir

10 Items or Less (2006): a beleza de descobrir alguém

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10 Items or Less (No Máximo 10) é um filme de comédia que segue, essencialmente, uma personagem e a sua relação com a vida e o mundo. Morgan Freeman é esse protagonista desta ficção, mas interpreta-se a si próprio. Assim, esta é uma meta-reflexão em forma de comédia, mas providencia também um ponto de vista interessante sobre o trabalho do actor na construção de uma personagem. Nem toda a gente se poderá relacionar com esta relação de à-vontade com toda e qualquer pessoa com quem Morgan Freeman se encontra, mas certamente apreciará e reconhecerá a situação de conhecer uma pessoa e descobrir os seus gostos, as suas histórias e a sua personalidade. Esta é uma jornada por vários caminhos: de descoberta de amizades fugazes, sem nunca ancorar em nenhum; de abertura do véu para o mundo do teatro, conhecendo com simplicidade e graça um processo de criação de personagem. E tem o condão de fazê-lo com calma: todo o filme passa no decorrer de um dia e, não se apressando, também não se t

Dia 8 do NOS Alive - Conhecendo bandas com história

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No dia 8 dos NOS Alive estiveram presentes bandas de nome sonante como Kodaline e Imagine Dragons, no palco principal; no secundário, Spoon, com discografia histórica, e Benjamin Booker, de balanço perto do jazz e dos blues, e também Cage the Elephant, para um público mais jovem. Às 18:45 entrou no palco secundário Heineken a banda de Benjamin Booker. Com uma discografia de dois álbuns em estúdio e um ao vivo, o artista cumpriu uma hora de blues rock ao gosto de um recinto meio cheio. Sons interessantes saíram da guitarra eléctrica e de um baixo que preenchia e completava o concerto, ao mesmo tempo que a voz rouca e característica de Benjamin se fazia ouvir. Este foi um concerto agradável e competente, um espectáculo de rock competente e interessante, mas que não impressionou superando expectativas. Abriu no entanto o palco para os Spoon, com um pedido de Benjamin ao seu público, para este ficar para a banda que se seguia. Benjamin Booker Os Spoon chegaram então e colheram um

Dia 7 do NOS Alive - A força que vem da música de natureza, a selvagem e a familiar

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O segundo dia de NOS Alive foi marcado principalmente pela força do concerto das Savages, que transmitiram e partilharam um concerto marcante para o festival, na sua força selvagem; mas também pela natureza mais familiar e pacífica de Local Natives, uma das bandas que terminou a noite, com um ambiente exótico nas suas melodias cativantes e harmoniosas, familiares. Tiago Bettencourt. Fonte: Comunidade Cultura e Arte Começou a tarde com a prestação de Tiago Bettencourt no palco principal, num fim de tarde que começou com um sol intenso que pedia óculos escuros, mas que foi escurecendo. Começando com O Jogo, do seu primeiro álbum a solo, passou por músicas suas mais recentes como Eu Quero a Maria e Morena. No entanto também encantou com a sua conhecida versão da Canção de Engate , e partilhou o mais recente single, dando um gostinho para o que virá de novo na sua carreira, no próximo álbum. Sem grande espectáculo, mas com alegria e descontracção, fez-se festa e brincadeira. Foi ai

Cantar, com Mallu, é Cantar com Sentido

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O Capitólio estava cheio pelas 19h30 de quarta feira, dia 8 deste mês de Março, quando Mallu Magalhães entrou no palco. Antes dela, o edifício acolhera uma breve conversa de apresentação sobre a colecção de livros Anti-princesas, num contexto, próprio: o dia internacional da mulher.   Neste evento , foi também visualizada a estreia de uma curta-metragem: " Cantar com sentido" , sobre uma anti-princesa , a cantora Violeta Parra. Mas mais sentido teve ainda ouvir cantar, ao vivo, aquela ‘anti-princesa’ por quem a casa cheia esperara – Casa Pronta , como a primeira canção que ela cantou. Só " voz e violão ", a presença da Mallu foi simples, e agradavelmente bonita. Verdade foi que esse concerto acústico, intimista, teve uma humildade e simplicidade interessante; e as mãos da artista fluíam de forma incrível por cada guitarra, com excelente perícia, que se revelou numa expressividade muito variada e adequada às várias músicas e aos diferentes momentos das

Terças de Poesia Clandestina #62: Vivência da poesia na experimentalidade de Inês Jacob e na cumplicidade com Al Berto

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Terças de Poesia Clandestina - 7 de Março É às nove e meia da noite que se abrem as portas para o Titanic sur mer , no Cais do Sodré, numa noite de terça-feira. Dá-nos as boas vindas um espaço que faz lembrar uma espécie de casa para quem está aberto a uma experiência teatral, íntima e experimental . A iluminação é escassa, mas agradável, e cria um ambiente acolhedor e adequado para o que ali vai ocorrer. Lentamente a sala foi enchendo, até pelas dez da noite, quando parecia cheia com as cerca de 120 pessoas que se preparavam para ouvir poesia. Foi a essa hora que se abriram as hostes e os ouvidos para atentamente se ouvir Inês Francisco Jacob . Apresenta-nos uma introdução ao que ali vai acontecer: não pretende nenhuma pretensão; é só uma experiência, esta partilha de prosa e de poesia da sua autoria. Afinal, este humilde mote que alude ao seu arriscar dá nome à compilação dos poemas: Primeira Tentativa . Dos seus lábios, caem cabelos perdidos : para o chão, para serem varr

Spaghettiman

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Na minha busca por filmes que incluíssem esparguete, surgiu-me aquele em que esse alimento será a personagem principal, e que me abriu o apetite. Spaghettiman, o homem-esparguete, é uma comédia e sátira dos filmes de super heróis que me agrada, até a mim, que detesto filmes de super-heróis. Toda a jornada do herói se enquadra nos padrões dos típicos protagonistas do cinema do Marvel (ou da DC). É ele um jovem adulto, perdido na vida, desempregado. No entanto, a sua vida é transformada quando um objecto radioactivo - uma taça de esparguete -, pelo início do filme, faz as honras de lhe transformar a vida de pernas para o ar. Ou, neste caso do ar para as pernas. É que esta reviravolta acaba por dar-lhe uma oportunidade de recomeçar. Afinal, esta sátira passa por ridicularizar também o conceito de herói, visto que este desempregado é, como os twentysomethings desta década, alguém que precisa apenas de se alimentar e ganhar a vida. Assim, em vez do típico herói com ideais moralmente

Artes Plásticas I e a maleabidade artística: de estudante a professor, de professor a aluno

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Artes Plásticas I é uma exposição que esteve presente na Escola Superior de Educação, em Lisboa, ente 6 e 18 de Fevereiro. Esta conjugou um conjunto de desenhos feitos pelos alunos do 1º ano da Licenciatura em Educação Básica: dispostos em quatro conjuntos de obras, em diferentes quadros de cortiça, estão obras de diferentes alunos realizados na cadeira que dá nome à exposição. Num espaço de passagem, muito frequentado pelos alunos e docentes, é difícil não reparar e reter o olhar nos trabalhos, nem que seja por meros segundos. No entanto, assim que o olhar pede por mais, depara-se com a falta de legendas que identifiquem a obra - e, pior ainda, o autor. Por entre percursos de leitura visual, encontramos, ocasionalmente, um nome escrito a caneta - Mafalda - e outro pintado a lápis - Catarina - que, solitários, mas lado a lado, são as 'ovelhas negras' de um rebanho de obras anónimas. Se é meu desejo destacar algumas obras, estas teriam de passar apenas por uma breve