Dia 7 do NOS Alive - A força que vem da música de natureza, a selvagem e a familiar

O segundo dia de NOS Alive foi marcado principalmente pela força do concerto das Savages, que transmitiram e partilharam um concerto marcante para o festival, na sua força selvagem; mas também pela natureza mais familiar e pacífica de Local Natives, uma das bandas que terminou a noite, com um ambiente exótico nas suas melodias cativantes e harmoniosas, familiares.

Tiago Bettencourt. Fonte: Comunidade Cultura e Arte

Começou a tarde com a prestação de Tiago Bettencourt no palco principal, num fim de tarde que começou com um sol intenso que pedia óculos escuros, mas que foi escurecendo. Começando com O Jogo, do seu primeiro álbum a solo, passou por músicas suas mais recentes como Eu Quero a Maria e Morena. No entanto também encantou com a sua conhecida versão da Canção de Engate, e partilhou o mais recente single, dando um gostinho para o que virá de novo na sua carreira, no próximo álbum.
Sem grande espectáculo, mas com alegria e descontracção, fez-se festa e brincadeira. Foi ainda concedido ao público, num culminar do concerto, A Carta, canção icónica que foi honrada por bocas que a cantaram a plenos pulmões ou simplesmente naturalmente, sem prestar muita atenção, por todo o recinto, sem escapar quem não a soubesse.
Foi um concerto completo, que embora não tenha dado tudo por tudo, agradou e impôs respeito por mostrar a maturidade da carreira.

Savages. Fonte: Comunidade Cultura e Arte


Seguiram-se as Savages, no melhor concerto do dia. Quem não as conhecesse teria certamente um choque inicial, mas depois de estranhar, entranha-se. Este foi quase o meu caso - pois eu não conhecia - excepto que a transição para o 'gostar' se deu bastante rápido.
A banda destas quatro artistas mostrou-se tal qual como é, sem medo de ter uma prestação enérgica e com muita força.
Muito embrenhadas na sua própria música, notava-se na baixista, a guitarrista e a baterista um grande amor pela mesma e uma vontade de dançar ao seu ritmo. A vocalista Jehnny Beth também não se deixou ficar para trás e impôs-se revolucionariamente, entregando-se totalmente ao cantar músicas de melodia e letra interpeladoras.
A relação com o público foi também plena, notando-se que este era dedicado, como nas danças movimentadas nas filas da frente. A própria Jehnny Beth expressou-se várias vezes, dizendo "I like you guys" genuinamente.
Completou a dedicação e a ligação com o público das duas vezes em que desceu do palco: na primeira, chegando-se à frente e ficando de pé em cima das cancelas à frente do palco, sem medo de dar a mão e os braços aos fãs. Da segunda, numa prestação incrível, avançou ainda mais perto e passou vários minutos a navegar nos braços do público, de microfone em punho; de vez em quando, colocando-se de pé, acima da massa de espectadores, segurada e equilibrada por estes, cantando e gritando a alta voz numa prestação impressionante.
As Savages fizeram jus ao nome e impressionaram com a sua incrível prestação, que fez dançar, saltar, gritar e cantar com força impelida pela própria banda, que, entregando-se totalmente, deu e transmitiu tudo por tudo na que considero ter sido o melhor concerto do dia 7 do NOS Alive.

Local Natives. Fonte: Comunidade Cultura e Arte


Os Local Natives sentiram-se nativos de Lisboa, cidade que os faz sentir em casa, talvez pela semelhança com Los Angeles, partilhou Taylor Rice.
Fizeram do palco Heineken a sua casa e inundaram-no das suas sonoridades suaves e naturais; foi a banda de sonoridades mais ricas da noite, com as típicas vozes de harmonias completas que surgem nos momentos certos e os instrumentos variados como guitarras imprimindo melodias cativantes.
É uma música harmoniosa, agradável e natural; algo que se completou com a cenografia do palco, com um ecrã e luzes de tonalidades vermelhas, azuis e verdes, do pôr do sol, do céu, do mar, que cativam em si mesmas quase como se fosse uma paisagem.
O entusiasmo e força desta banda já consagrada foram uma partilha em uníssono entre uma banda coesa e madura e o seu público que também já bem a conhece, cativando e trazendo, quase ao fim da noite, um concerto familiar e bonito, muito esperado e que cumpriu as expectativas.

Foo Fighters. (c) Macedo Hugo


Por fim, gostaria ainda de destacar a surpreendente ambiência no concerto de Foo Fighters. Esta banda de sonoridade muito ritmada não se destacou para mim pela musicalidade do seu repertório de concerto, mas pela interacção com o público - embora não deixe de a valorizar pela simbologia e consagração histórica e musical que é.
De facto, no final do concerto, deu-se uma espontaneidade de acontecimentos que enriqueceram o concerto neste aspecto, que mostra o dom de comunicação de Dave Grohl. O público decidiu gritar, em uníssono "E salta, Dave, e salta, Dave, olé, olé", incessantemente; e a ele juntaram-se em improviso os instrumentos da conceituada banda completando a "melhor música da noite". O público presenteou o artista com outras músicas espontaneamente, como "Campeões, campeões, nós somos campeões" e o hino nacional. Este acontecimento divertido e em brincadeira valeu como um dos grandes momentos a destacar neste dia.

(c) Macedo Hugo


O último concerto da minha noite foi com os Parov Stellar, banda que desconhecia mas que cativou à primeira vista. Impossível de não gostar, é uma sonoridade alegre e vibrante, com metais e electrónica positivos, cativantes e que fazem dançar e sorrir enquanto se ouve. Foi a minha grande descoberta desta noite e espero encontrar consistência e qualidade tão boa ou melhor ao investigar a sua discografia.

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